sexta-feira, 5 de julho de 2013

Declaração de (não) amor.

Eu quis ver até onde essa brincadeira de "casados-apenas-na-alma-" ia dar. Eu confesso que achei que não ia machucar, afinal de contas, eu não amo você. E no começo, sinceramente, foi assim. Estávamos os dois compatíveis: corpos presentes e almas totalmente livres. E cada vez ficava melhor, justamente por que eu não amava você. E a gente tentava achar explicação, e uma vez eu cheguei a dizer que somos almas irmãs e você concordou. Mas não, eu não amo você. E não importa que só eu tenha te visto chorar, não importa que nós sejamos cópias perfeitas e caricatas um do outro. Não importa o quanto fomos e somos livres com os outros, porque insistimos em continuar sendo livres entre nós dois. Mas tudo bem, por que eu não amo você. E aí, de repente, mas intuitivamente anunciado, começou a doer. Porque eu comecei a sentir saudade, mas você morava no quarto ao lado. Porque por mais longos que fossem nossos "momentos-livres-a-sós", nunca era o suficiente pra mim (ainda não é). E você percebeu uma sombra no meu olhar, mas não entendeu o porquê, já que eu não amo você. E assim seguimos ocultos um no outro, você refletindo a minha fúria, eu refletindo a sua dor, sendo um para o outro (juntos) apenas o caos. Sendo eu o fogo, você a pólvora, mas não tendo coragem para nos consumirmos em verdadeiro ardil, pois esse seria então o fim. E não nos restaria uma só centelha pra ser relembrada com nostalgia; nenhuma brasa passível de recuperação. Talvez seja realmente mais inteligente continuarmos nos ateando fogo homeopaticamente. Mas nada disso realmente importa, porque eu não amo você.

domingo, 3 de abril de 2011

Cérebro-olhos-boca-costelas-coração

Pobre o coração que já não sabe mais porque bate. Preso em sua gaiola de ossos firmes e inflexíveis. Costelas que esmagam e não o deixam respirar. Coração que bate dentro da caixa toráxica fechada com 700 trancas blindadas. Não faz esforço pra sair, não quer, tem medo. Mas se faz de forte, tenta mostrar que é valente, que anda sozinho porque quer. Põe a culpa na vida que ainda não mandou a pessoa com o chaveiro certo para o libertar. É tudo culpa do coração. Não, não é o cérebro o rei deste corpo. O coração manda, o corpo faz, o cérebro produz a culpa no final. Cérebro sempre por último, cérebro bobo da corte. O cérebro comandado pelo coração.

Coração-relógio. Bate segundos, bate horas, séculos. Vê o tempo passar na espera, vê passar a vida e não se entrega. Coração-sangue, sangue que escorre por suas amarras, cansadas de serem debatidas a cada segundo. Tum-tum, tum-tum. Mais sangue que escorre, mais dor por viver. Coração-bomba-relógio, passa o tempo em desespero contido, em calmaria desesperada.

Olhos castanhos desvairados, procuram. Pra que lado é a saída de emergência? Vire a esquerda, e entre mais ainda nesse labirinto. Correm os olhos, as pernas não acompanham. Não acham a saída do quarto-labirinto, olham a porta, olham a sala, olham a rua, olham o mundo, mas não veem saída. Não existe saída, não existe vida. Então os olhos se fexam, se cobrem outra vez com o mesmo véu. 7 véus, 70, 7000. Não é o suficiente. Olhos fexados que ainda enxergam. Se abrem, mas tanto faz. Tira os véus, e volta a procurar a saída.

Boca que sorri num esgar, que projeta o grito, que se cala pra pensar. Boca que se pinta de vermelho, vermelho sangue, vermelho vinho; vermelho coração. Dentes que se mostram, dentes que se mastigam. Dentes que se camuflam num sorriso, pra não triturar o coração. Boca que se abre e não conclui. Boca que guarda o mundo em sua garganta, e que deixa escorrer o ácido pela língua. Boca que ri mas não sabe chorar. Boca que não chora pra não se lembrar. Boca que traga, que sorve pra aliviar. Boca que não fala do coração.

Sempre o coração.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Ressaca moral

Onde esta você? Você que saiu ontem a noite, foi pra uma boate, bebeu e não teve graça, dançou e não teve graça, riu e não teve graça. Onde esta você que via tanta graça nisso antigamente? Onde está você que via tanta graça na vida, que tinha tanta sede de se divertir? Não é mais divertido. Acabou.

Suas amigas se acabaram na pista de dança; você apenas se mexeu de um lado pro outro, sem realmente sentir o ritmo da música. Você que gostava tanto de dançar. Você que olhou para aquelas luzes e apenas desejava estar na escuridão; você que achava que estar sob as luzes era maravilhoso, ontem se sentiu fora de lugar.

Parou de dançar, tomou mais um drink, largou-o na metade, quis acender um cigarro, mas tinha jogado o maço de cigarros fora 7 dias antes, mais ou menos por aquela mesma hora. Quis ir embora, mas não podia; esperaria fielmente pelas amigas pra voltar junto com elas. Quis chorar, não tinha pra onde ir. Queria que um rapaz legal puxasse conversa, mesmo sabendo que não iria ficar com ele.

Do bar, observou as meninas no centro da pista de dança, se balançando de olhos fechados como se não houvesse amanhã, e desejou, por um segundo, que pudesse sentir aquela euforia apenas mais uma vez. Mas não podia, a vida perdera a graça. Você perdera a graça. Onde está você?

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Desabafo

Todo mundo sabe que você é extremamente triste por trás dessa fachada de êxtase. Não é falsidade, é apenas sobre estar sozinha. Você sabe que não aguenta ficar sozinha, porque desse jeito tem que lidar com os seus sentimentos. Você não dá o braço a torcer, sempre faz parecer que é muito feliz, que está muito bem sozinha, mas você sabe que no fundo não está. E seus amigos também sabem. Porque é tão difícil pra você desabafar? Porque é tão complicado sentar ao lado da sua melhor amiga, ou do seu pai, e chorar chorar e chorar pra ver se essa angústia vai embora? Porque você não permite que as pessoas te conheçam de verdade, que elas toquem a sua alma com mais facilidade? Nem você sabe. Você não precisa carregar o mundo nas costas andando contra a correnteza. Mas é a única coisa que você sabe fazer. Beber toda a angústia, toda a tristeza, e seguir como se estivesse bem. Nesse exato momento vc quer chorar, mas tem uma festa te esperando na sala, e você tem que parecer bem. Você sempre tem que parecer bem. Não importa o quão arruinada você sabe que está por dentro, você precisa parecer bem.

domingo, 14 de novembro de 2010

30 Days Letter Project - Dia 3 - Seus pais

Pai,

Há muito dentro de mim pra te dizer; são sentimentos tão conturbados, tão confusos que não há palavras que cheguem tão fundo na minha alma. Nem sempre fomos os melhores amigos do mundo, e creio que ainda falte muito pra sermos. Mas há um pedido silencioso dentro de cada olhar, dentro de cada sorriso meu pra você, de cada abraço, de cada telefonema alegre: perdão.

Me perdoa pelas palavras mais ingratas que um pai como você poderia ter ouvido na vida; foi tudo da boca pra fora, tudo proferido em momentos de raiva, momentos em que eu apenas queria despejar a culpa da minha tristeza em alguém, porque eu não queria admitir que o motivo era eu mesma. Me perdoa?

Me desculpe por culpar você por tudo que eu apenas não consegui fazer. Eu feri a mim mesma quando machuquei você.

Obrigada por ser o pai que você é, e por ser meu pai. Obrigada por nunca ter desistido de mim, e por ter lutado com o sangue pelo meu irmão. Não haveria pessoa melhor no mundo pra cuidar dele. Obrigada por ser meu porto seguro, por ser meu exemplo. Obrigada por todos os esporros, mesmo me fazendo de durona, eu sempre ouvi todos e levei em consideração. Obrigada por ser tão compreensivo. E obrigada por me amar incondicionalmente, apesar de tudo.

Pai, você foi meu herói, meu bandido. Ainda é o meu herói. Sempre será. Eu te amo, incondicionalmente, do fundo da minha alma. Te amo, amo, amo, Juliana.

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Mãe,

Espero que seja feliz, e que encontre seu caminho. Que a luz consiga um dia abrir seus olhos e que você perceba o que está fazendo com a sua vida e e siga sua vida de forma diferente. Te desejo coisas boas, e nunca te quis mal. Não sou a melhor filha do mundo, sei que não demonstro afeto na maior parte do tempo, mas você também não.

Sei quanto me custa te arrancar um carinho, e mesmo assim, não é sempre que funciona.
Grande parte das minhas neuroses adolescentes foram por falta de mãe. Não falta física, mas emocional. Você nunca foi o modelo de mãe primorosa; e não estou te culpando, algumas pessoas apenas não nasceram pra isso. Hoje eu sou adulta o suficiente pra entender algumas situações da vida, e com certeza consegui superar toda a falta que você me fez. Espero que um dia a gente consiga conectar esse elo 'mãe/filha' que anda perdido por aí.

Apesar de tudo, te amo, Juliana.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

30 Days Letter Project - Dia 2 - Sua paixão

Paixão pode ser qualquer coisa que eu ame, certo? ;]

Música; depois de muito tempo da minha procrastinando pra achar uma forma especial de dizer tudo o que sinto, resolvi finalmente me declarar. E nada mais justo do que contar desde o começo a nossa história.

Da primeira vez que nos encontramos, eu tive medo. Another brick in the wall soava através do toca-discos da minha casa. Bem na parte do coro das crianças, a primeira lembrança que eu tenho de você; e a primeira lembrança da minha vida. Eu tinha 2 anos. Lembro de ter deitado quietinha no sofá, escutando as vozes infantis que me pareciam tão sombrias.

Beatles, Queen, Rolling Stones, Led Zeppelin, Jethro Tull, Kitaro, Janis Joplin. Era o que mais se ouvia na vitrola durante as madrugadas de sábado pra domingo na minha casa. Meus pais e os amigos na varanda, e eu escondida no corredor, pra ouvir só mais um pouquinho daquelas notas mágicas que não me deixavam dormir. Não me incomodavam; me deixavam encantada. Freddie Mercury, era de longe a voz que eu mais gostava de escutar. Me pergunto se o verbo 'cantar'foi inventado pra/por ele.

Alguns anos depois: Spice girls! Aquelas cinco garotas inglesas que fizeram pensar, do alto da sabedoria de meus 6 anos de idade, 'quando eu crescer, eu quero cantar'. Desde então, não houve um só dia na minha vida que eu não cantasse pelo menos uma estrofe de 'Wannabe' no meu inglês embolation.

A partir daí, passei a absorver de verdade o gosto musical dos adultos que viviam na minha casa. Os músicos nacionais foram tendo lugar no meu repertório de treino diário. Cazuza,Raul Seixas, Capital Inicial, Plebe Rude, RPM, Ana Carolina, Marisa Monte, Titãs... A lista seria muito longa. Eu passava dia e noite tentando copiar o que eu ouvia saindo das caixas de som.

10 anos, mudei de cidade, mudei de casa, mudei de escola; deixei os pais pra trás. Nos 4 anos que se seguiram, os sons ao meu redor ficaram mais tristes, e muito mais agressivos. Nirvana não saia do meu CD Player por nada, e foi quando eu comecei a pensar que podia transformar em música o que eu sentia.

O primeiro violão, e as músicas voltaram a soar mais alegres, a nostalgia me fez reviver as músicas da minha infância através das minhas próprias mãos, da minha própria garganta. A curiosidade me fazendo descobrir bandas e músicos que que mudaram a minha vida. Ramones, Sex Pistols, Clash, Iggy Pop and the Stooges, me ensinando a botar a fúria pra fora. Blondie, Bikini Kill, The Runaways, Patti Stmith me ensinando que mulheres também podiam fazer rock'n'roll.

Mais alguns anos, alguns conceitos mudados, quilômetros de visão ampliada, e ainda descobrindo aspectos da música que me fazem apaixonar mais a cada dia. Los Hermanos me ensinando novamente a sentir; Maysa me ensinando que em alguma época da história, alguém me compreendeu totalmente; Amy Winehouse me mostrando que belas vozes ainda existem; The Swell Season, me mostrando a beleza de letras tristes e melodias suavez; Little Joy alegrando meus dias de verdade; e tantas outras...

A cada dia eu descubro algo que me conquista outra vez. É o fluido vital que me mantém, é a fome das horas vazias, é a poesia sem letra dos momentos de desespero. É o coração que bate no mesmo compasso. A garganta que vibra na mesma emoção. A pele que não deixa de se arrepiar diante de uma melodia simples. É amor.

Que a arte nos dê uma resposta, mesmo que ela não saiba.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Think about it.


"Pare durante um segundo agora e comece a se agarrar ao seu futuro.Imagine-se dez anos à frente na estrada e imagine todos os aspectos da sua vida. Seu trabalho, seu cônjuge, seus filhos, mesmo os seus amigos. Mas não imagine o futuro para o qual que você pensa que está indo, o futuro que parece mais lógico com seu conjunto de circunstâncias, mas imagine o futuro que você mais deseja. Esqueça todas as expectativas que todos tem para você, e enquanto você faz isso, vá em frente e esqueça as que você tem pra si mesmo. Ignore, por apenas um segundo, todas as expectativas e se concentre no que é que você realmente quer da vida. Visualize a estrada que irá levá-lo para o futuro que você mais deseja. Esse é o seu caminho, e é a ele que você pertence."

(Autor desconhecido)