terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Desabafo

Todo mundo sabe que você é extremamente triste por trás dessa fachada de êxtase. Não é falsidade, é apenas sobre estar sozinha. Você sabe que não aguenta ficar sozinha, porque desse jeito tem que lidar com os seus sentimentos. Você não dá o braço a torcer, sempre faz parecer que é muito feliz, que está muito bem sozinha, mas você sabe que no fundo não está. E seus amigos também sabem. Porque é tão difícil pra você desabafar? Porque é tão complicado sentar ao lado da sua melhor amiga, ou do seu pai, e chorar chorar e chorar pra ver se essa angústia vai embora? Porque você não permite que as pessoas te conheçam de verdade, que elas toquem a sua alma com mais facilidade? Nem você sabe. Você não precisa carregar o mundo nas costas andando contra a correnteza. Mas é a única coisa que você sabe fazer. Beber toda a angústia, toda a tristeza, e seguir como se estivesse bem. Nesse exato momento vc quer chorar, mas tem uma festa te esperando na sala, e você tem que parecer bem. Você sempre tem que parecer bem. Não importa o quão arruinada você sabe que está por dentro, você precisa parecer bem.

domingo, 14 de novembro de 2010

30 Days Letter Project - Dia 3 - Seus pais

Pai,

Há muito dentro de mim pra te dizer; são sentimentos tão conturbados, tão confusos que não há palavras que cheguem tão fundo na minha alma. Nem sempre fomos os melhores amigos do mundo, e creio que ainda falte muito pra sermos. Mas há um pedido silencioso dentro de cada olhar, dentro de cada sorriso meu pra você, de cada abraço, de cada telefonema alegre: perdão.

Me perdoa pelas palavras mais ingratas que um pai como você poderia ter ouvido na vida; foi tudo da boca pra fora, tudo proferido em momentos de raiva, momentos em que eu apenas queria despejar a culpa da minha tristeza em alguém, porque eu não queria admitir que o motivo era eu mesma. Me perdoa?

Me desculpe por culpar você por tudo que eu apenas não consegui fazer. Eu feri a mim mesma quando machuquei você.

Obrigada por ser o pai que você é, e por ser meu pai. Obrigada por nunca ter desistido de mim, e por ter lutado com o sangue pelo meu irmão. Não haveria pessoa melhor no mundo pra cuidar dele. Obrigada por ser meu porto seguro, por ser meu exemplo. Obrigada por todos os esporros, mesmo me fazendo de durona, eu sempre ouvi todos e levei em consideração. Obrigada por ser tão compreensivo. E obrigada por me amar incondicionalmente, apesar de tudo.

Pai, você foi meu herói, meu bandido. Ainda é o meu herói. Sempre será. Eu te amo, incondicionalmente, do fundo da minha alma. Te amo, amo, amo, Juliana.

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Mãe,

Espero que seja feliz, e que encontre seu caminho. Que a luz consiga um dia abrir seus olhos e que você perceba o que está fazendo com a sua vida e e siga sua vida de forma diferente. Te desejo coisas boas, e nunca te quis mal. Não sou a melhor filha do mundo, sei que não demonstro afeto na maior parte do tempo, mas você também não.

Sei quanto me custa te arrancar um carinho, e mesmo assim, não é sempre que funciona.
Grande parte das minhas neuroses adolescentes foram por falta de mãe. Não falta física, mas emocional. Você nunca foi o modelo de mãe primorosa; e não estou te culpando, algumas pessoas apenas não nasceram pra isso. Hoje eu sou adulta o suficiente pra entender algumas situações da vida, e com certeza consegui superar toda a falta que você me fez. Espero que um dia a gente consiga conectar esse elo 'mãe/filha' que anda perdido por aí.

Apesar de tudo, te amo, Juliana.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

30 Days Letter Project - Dia 2 - Sua paixão

Paixão pode ser qualquer coisa que eu ame, certo? ;]

Música; depois de muito tempo da minha procrastinando pra achar uma forma especial de dizer tudo o que sinto, resolvi finalmente me declarar. E nada mais justo do que contar desde o começo a nossa história.

Da primeira vez que nos encontramos, eu tive medo. Another brick in the wall soava através do toca-discos da minha casa. Bem na parte do coro das crianças, a primeira lembrança que eu tenho de você; e a primeira lembrança da minha vida. Eu tinha 2 anos. Lembro de ter deitado quietinha no sofá, escutando as vozes infantis que me pareciam tão sombrias.

Beatles, Queen, Rolling Stones, Led Zeppelin, Jethro Tull, Kitaro, Janis Joplin. Era o que mais se ouvia na vitrola durante as madrugadas de sábado pra domingo na minha casa. Meus pais e os amigos na varanda, e eu escondida no corredor, pra ouvir só mais um pouquinho daquelas notas mágicas que não me deixavam dormir. Não me incomodavam; me deixavam encantada. Freddie Mercury, era de longe a voz que eu mais gostava de escutar. Me pergunto se o verbo 'cantar'foi inventado pra/por ele.

Alguns anos depois: Spice girls! Aquelas cinco garotas inglesas que fizeram pensar, do alto da sabedoria de meus 6 anos de idade, 'quando eu crescer, eu quero cantar'. Desde então, não houve um só dia na minha vida que eu não cantasse pelo menos uma estrofe de 'Wannabe' no meu inglês embolation.

A partir daí, passei a absorver de verdade o gosto musical dos adultos que viviam na minha casa. Os músicos nacionais foram tendo lugar no meu repertório de treino diário. Cazuza,Raul Seixas, Capital Inicial, Plebe Rude, RPM, Ana Carolina, Marisa Monte, Titãs... A lista seria muito longa. Eu passava dia e noite tentando copiar o que eu ouvia saindo das caixas de som.

10 anos, mudei de cidade, mudei de casa, mudei de escola; deixei os pais pra trás. Nos 4 anos que se seguiram, os sons ao meu redor ficaram mais tristes, e muito mais agressivos. Nirvana não saia do meu CD Player por nada, e foi quando eu comecei a pensar que podia transformar em música o que eu sentia.

O primeiro violão, e as músicas voltaram a soar mais alegres, a nostalgia me fez reviver as músicas da minha infância através das minhas próprias mãos, da minha própria garganta. A curiosidade me fazendo descobrir bandas e músicos que que mudaram a minha vida. Ramones, Sex Pistols, Clash, Iggy Pop and the Stooges, me ensinando a botar a fúria pra fora. Blondie, Bikini Kill, The Runaways, Patti Stmith me ensinando que mulheres também podiam fazer rock'n'roll.

Mais alguns anos, alguns conceitos mudados, quilômetros de visão ampliada, e ainda descobrindo aspectos da música que me fazem apaixonar mais a cada dia. Los Hermanos me ensinando novamente a sentir; Maysa me ensinando que em alguma época da história, alguém me compreendeu totalmente; Amy Winehouse me mostrando que belas vozes ainda existem; The Swell Season, me mostrando a beleza de letras tristes e melodias suavez; Little Joy alegrando meus dias de verdade; e tantas outras...

A cada dia eu descubro algo que me conquista outra vez. É o fluido vital que me mantém, é a fome das horas vazias, é a poesia sem letra dos momentos de desespero. É o coração que bate no mesmo compasso. A garganta que vibra na mesma emoção. A pele que não deixa de se arrepiar diante de uma melodia simples. É amor.

Que a arte nos dê uma resposta, mesmo que ela não saiba.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Think about it.


"Pare durante um segundo agora e comece a se agarrar ao seu futuro.Imagine-se dez anos à frente na estrada e imagine todos os aspectos da sua vida. Seu trabalho, seu cônjuge, seus filhos, mesmo os seus amigos. Mas não imagine o futuro para o qual que você pensa que está indo, o futuro que parece mais lógico com seu conjunto de circunstâncias, mas imagine o futuro que você mais deseja. Esqueça todas as expectativas que todos tem para você, e enquanto você faz isso, vá em frente e esqueça as que você tem pra si mesmo. Ignore, por apenas um segundo, todas as expectativas e se concentre no que é que você realmente quer da vida. Visualize a estrada que irá levá-lo para o futuro que você mais deseja. Esse é o seu caminho, e é a ele que você pertence."

(Autor desconhecido)

30 Days Letter Project - Dia 1 - Seu melhor amigo.

Esta carta é destinada a mais de 1 pessoa, mas os destinatários ao ler, vão sentir as mesmas palavras traduzindo situações diferentes, que são de todo o meu coração.

Preciso começar esta carta agradecendo. Obrigada. Por estar do meu lado nos meus momentos mais fracos; nos meus momentos mais indígnos; mas também por ter feito parte dos melhores anos da minha vida. Obrigada por saber exatamente onde a minha ferida dói, mesmo eu não mostrando isso de jeito nenhum. Obrigada por ter segurado a minha barra e por ter me emprestado o ombro tantas e tantas vezes. Obrigada por não me julgar pelos meus defeitos, meus vícios e minhas fraquezas.

Obrigada pelos melhores sorrisos que eu poderia ter dado, obrigada pelas noites perdidas de sono com conversas que vou me lembrar até o meu último suspiro. Obrigado pelos conselhos, mas principalmente pelas broncas. Obrigada pela confiança, e obrigada por ter confiado em mim. Obrigada pelo sem fim de acordes tocados em um sem fim de horas apenas pra nos divertir. Obrigada por tentar me manter viva quando eu mesma não queria. Obrigada; por tudo o mais que eu não poderia citar aqui.

Nossos laços de alma são muito mais importantes do que o sangue mais nobre que possa ter passado por esse planeta. E não me importa que a vida de alguma forma tenha nos separado, não me importa que um dia teremos nossas vidas tão ocupadas que não tenhamos mais tempo pra recuperar o mesmo pique de agora; me importa é que quando eu mais precisei você sempre esteve aqui, e que estará lá quando eu precisar. A certeza disso faz todas as outras incertezas se anularem.

"18.24: Há amigos mais chegados que um irmão"

Obrigada, sempre. Eu te amo,

Juliana.

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P.S.: Não vou nomear os destinatários.

30 Days Letter Project

É exatamente isso, 30 dias de cartas. Os destinatários são:

Dia 1 — Seu melhor amigo
Dia 2 — Sua queda amorosa/paixão
Dia 3 — Seus pais
Dia 4 — Parente próximo
Dia 5 — Seus sonhos
Dia 6 — Um estranho
Dia 7 — Ex namorada/amor/queda amorosa
Dia 8 — Amigo favorito da internet
Dia 9 — Alguém que vc queria conhecer
Dia 10 — Alguém que vc não conversa tanto quanto gostaria
Dia 11 — Alguém que morreu e vc gostaria de conversar
Dia 12 — A pessoa que vc mais odeia/que mais te causou dor
Dia 13 — Alguém que vc deseja que te perdoe
Dia 14 — Alguém que vc se afastou
Dia 15 — A pessoa que vc mais sente falta
Dia 16 — Alguém que não está no seu estado/país
Dia 17 — Alguém da infancia
Dia 18 — A pessoa que vc deseja ser
Dia 19 — Alguém que importuna sua mente bom ou ruim
Dia 20 — Alguém que partiu seu coração com força
Dia 21 — Alguém que vc julgou na primeira impressão
Dia 22 - Alguém que vc daria uma segunda chance
Dia 23 — A ultima pessoa que vc beijou
Dia 24 — A pessoa que lhe deu sua memoria favorita
Dia 25 — Alguém que esta passando tempos ruins
Dia 26 — A ultima pessoa que vc fez a promessa do mindinho
Dia 27 — A pessoa amigavel que vc conheceu por um dia apenas
Dia 28 — Alguém que mudou sua vida
Dia 29 — Alguém que vc quer contar tudo, mas tem muito medo de contar
Dia 30 — Seu reflexo no espelho

Não sei se preciso seguir a ordem, mas acho que vai ser mais fácil. Enfim, algumas cartas vão ser mais complicadas, ou vão precisar de mais reflexão, então, pode ser que eu as pule, mas quero tentar todas. Vou começar hoje, pelo número 1.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Virando a página

Há uma sensação de liberdade, de não-agonia. É a tela branca de um ciclo que se fecha; a vontade de novos pincéis, cores desconhecidas e texturas não tateáveis. A ânsia de fazer o novo; do 'olhar pra trás' ser apenas isto. Não, não preciso mais me deleitar no passado das não-conquistas vãs. A nostalgia dolorida que me fazia pirar em devaneios sobre o 'se' foi embora.

O ciclo fechou. Sem que eu esperasse, mas não por falta de pedido. Foi embora quando eu já tinha desistido de compreender a tristeza, a alucinante roda-gigante das minhas emoções. Não digo que nunca mais serei triste de novo. Mas é aqui que muda tudo: o 'ser triste' vai passar apenas ao 'estar triste'. Ser triste custa muito. Estar triste vai ser momentâneo; quero poder saborear a tristeza, sentir o amargo da agonia, pra depois cuspir.

Não preciso mais da acidez da infelicidade no meu estômago.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Resposta.

Depois de alguns longos anos, meu corpo parece começar a reviver. Guardei luto por muito tempo, e o gosto da amargura na minha língua já não me apetece mais. Sinto uma vontade imensa de explodir; explodir em cores, notas graves e emoções. Já não quero mais a solidão em que me prendi. Acabou.
Meus sentidos se mostram cada vez mais inquietos, querendo saltar todos de uma só vez. Admiti meus medos, e agora não há mais nada que possa me fazer parar. Estou livre pra sentir de novo. Não sei se meu coração aguentaria a mesma carga outra vez, mas morrer de amor me parece uma idéia um tanto atraente.
Eu morreria pelo que acredito, e eu acredito no amor.

Ninguém pode calar dentro em mim
Esta chama que não vai passar,
É mais forte que eu,
E não quero dela me afastar.

Eu não posso explicar como foi
E nem quando ela veio [...] ( Maysa- Resposta )



Nota: Há muito tempo que não posto por aqui, e nesse meio tempo muita coisa mudou dentro de mim, conseqüentemente, muita coisa vai mudar nos meus textos.

segunda-feira, 15 de março de 2010

A garota por trás da voz

Então ela estava lá, deitada em sua cama olhando pro teto e divagando sobre as teias de aranha. Ela não pensava em nada, apenas surgiam pontas soltas que ela não sabia como traduzir. Ela tinha umas roupas bem diferentes, aquelas que todo mundo gostaria de usar, mas não tinha coragem; só ela tinha. Agora estavam todas jogadas pelo chão.

O cabelo cor de fogo ondulava no vento, brilhava, parecia ter vida: como se quisesse refletir alguma coisa que as pessoas nunca conseguiriam entender. A voz ainda impressionava, mesmo que as pessoas já a tivessem ouvido cantar milhões de vezes. A pele branca estava, a cada dia, mais próximo do transparente, ela queria que vissem sua alma.

Nao era tão assim tão gorda, mas um dia decidiu emagrecer, e começou a se preocupar muito com isso, nunca parecia satisfeita. Mas ainda assim era bonita envolta em todo o seu mistério melancólico que não deixava as pessoas se aproximarem demais. Ninguém poderia saber por um segundo o que se passava em sua mente.

Ela poderia ter qualquer garoto se o quisesse. Mas há um tempo atrás ela só queria o impossível; não conseguiu, e hoje ela não quer mais ninguém. Pelo menos estava sempre rodeada de amigos, e sabia quais deles realmente valiam a pena. Pra ela, isso bastava.

Os olhos. Ah! Os olhos... Eram de um castanho cor de chocolate fluido que chamavam mais atenção do que qualquer olho azul, por causa de sua profundidade; mas ultimamente estavam meio turvos, bloqueados pelas lágrimas escondidas que ela lutava pra não deixar sair.

Tinha uma campainha que não escutava. Tinha um celular que nunca tocava. Tinha uns pés pequenos que viviam se balançando, resultado de uma ansiedade que não sabia de onde vinha. Acima de tudo, ela tinha uma enorme solidão.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Dar sem receber.

Acredite, se você acha que o ditado 'dê as coisas sem esperar nada em troca' realmente funciona pra prática, você está errado. Sempre que alguém fizer algo por você, por menor que seja, você vai ter de dar algo bem grandioso de volta. As vezes as pessoas fazem coisas muito grandes por você, e você, por falta de opção ou por sobra de humildade, devolve com algo não tão grandioso assim. Você se ilude, achando que a pessoa vai gostar, que vai se sensibilizar, mas não. As pessoas querem tudo o possível de você. Não adianta. A pessoa sempre quer algo grandioso, não importa o quão agradando você acha que está.
A verdade é que você é inocente, porque a ostentação faz parte dos vícios do ser humano. Aconteceu comigo também. E vai acontecer com você. Ninguém está isento disso.Você que na inocência achou que a alguém se sensibilizaria com um agradecimento humilde, simplesmente porque achou que esse alguém estaria feliz por você ter lembrado dele, não se iluda. A vida não é assim.
A única opção que te resta é ficar o resto da vida pensando em todas as formas de devolver pra essa pessoa tudo o que ela fez por você, porque você não quer mais nada dela, pra não ter isso jogado na sua cara outra vez. Ás vezes isso é impossível, então conforme-se. Mas se você puder não pedir mais nada, não peça. As pessoas só estão esperando uma oportunidade pra tirar tudo o que você tem. Se não for materialmente, será emocionalmente.