Então ela estava lá, deitada em sua cama olhando pro teto e divagando sobre as teias de aranha. Ela não pensava em nada, apenas surgiam pontas soltas que ela não sabia como traduzir. Ela tinha umas roupas bem diferentes, aquelas que todo mundo gostaria de usar, mas não tinha coragem; só ela tinha. Agora estavam todas jogadas pelo chão.
O cabelo cor de fogo ondulava no vento, brilhava, parecia ter vida: como se quisesse refletir alguma coisa que as pessoas nunca conseguiriam entender. A voz ainda impressionava, mesmo que as pessoas já a tivessem ouvido cantar milhões de vezes. A pele branca estava, a cada dia, mais próximo do transparente, ela queria que vissem sua alma.
Nao era tão assim tão gorda, mas um dia decidiu emagrecer, e começou a se preocupar muito com isso, nunca parecia satisfeita. Mas ainda assim era bonita envolta em todo o seu mistério melancólico que não deixava as pessoas se aproximarem demais. Ninguém poderia saber por um segundo o que se passava em sua mente.
Ela poderia ter qualquer garoto se o quisesse. Mas há um tempo atrás ela só queria o impossível; não conseguiu, e hoje ela não quer mais ninguém. Pelo menos estava sempre rodeada de amigos, e sabia quais deles realmente valiam a pena. Pra ela, isso bastava.
Os olhos. Ah! Os olhos... Eram de um castanho cor de chocolate fluido que chamavam mais atenção do que qualquer olho azul, por causa de sua profundidade; mas ultimamente estavam meio turvos, bloqueados pelas lágrimas escondidas que ela lutava pra não deixar sair.
Tinha uma campainha que não escutava. Tinha um celular que nunca tocava. Tinha uns pés pequenos que viviam se balançando, resultado de uma ansiedade que não sabia de onde vinha. Acima de tudo, ela tinha uma enorme solidão.
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